Com
a crescente quantidade de informação disponível para análise pelas empresas, a
utilização de filtros para reduzir a quantidade de dados nas telas pode levar à
perda de informação e a um enviesamento conhecido como ilusão de agrupamento,
destacou o professor Doutor Ricardo Suave, na palestra : “A inclusão de pontos de referência
em gráficos de linha melhora a tomada de decisão e a confiança do gestor?”,
realizada
em homenagem ao Dia do Contador, pelo Instituto dos Contadores do Brasil
(ICBR).
Na mesa mediada pela Professora Doutora Stella Maris Lima Altoé
Suave, o palestrante destacou que a ilusão de agrupamento vem de uma heurística
na qual se identificam padrões em dados aleatórios em que, tais padrões, na
verdade, estatisticamente não existem.
Para
Ricardo Suave, levando isso em consideração, realizou um estudo que examinou se
a inclusão de pontos de referência em gráficos de linha melhora a tomada de
decisão e a confiança. Utilizando uma abordagem experimental, manipulou-se os
dados e a existência de pontos de referência em gráficos para análise.
O
palestrante explica que, no estudo, os pontos de referência são linhas retas
que apresentam a posição do desempenho médio real e do desempenho almejado. “Com
base nos dados de desempenho plotados em gráficos, os participantes assumem uma
posição de gestores e são solicitados a tomar uma decisão de investimento em marketing
para atingir a meta, de acordo com o que julgam necessário”, explicou.
De
acordo com Ricardo Suave, os resultados mostraram que gráficos apresentados com
menos pontos de dados, em comparação com mais, induzem a menos precisão na
tomada de decisões. “Isto sugere a existência do viés da ilusão de agrupamento
na análise de gráficos”, disse.
Ele
explicou que, contrariamente às previsões, os resultados mostraram que a
inclusão de pontos de referência não é capaz de reduzir este viés. Em relação à
confiança, foram fornecidas evidências de uma interação com a carga cognitiva,
em que indivíduos que gastam mais carga cognitiva quando munidos de gráficos
com pontos de referência têm menor confiança em sua decisão, em comparação com
indivíduos munidos de gráficos sem pontos de referência. “Este resultado pode
indicar um mecanismo que, embora não reduza o viés da ilusão de agrupamento,
torna os indivíduos mais céticos em relação às suas decisões”, explicou.
O
evento teve a abertura do presidente da Diretoria Executiva do ICBR, André Luis
de Moura Pires e a participação dos Vice-Presidentes Prof. Doutor Iago Lopes
França, de Desenvolvimento Profissional, e Mário Shinzato, Técnico. Após a
palestra, a mediadora abriu possibilidade para interação, com perguntas e
respostas.