A implantação das IFRS S1 e S2 trará importantes informações e os players das empresas têm o desafio de transformar os relatórios em gestão, em informação para trazer benefícios para a companhia. O economista Miguel Longo, CFO da NEO Seguradora, graduado pela Universidade Mackenzie, com Pós Graduação Lato Sensu em Finanças pela FGV, experiência como CFO de grandes empresas nacionais e internacionais, ressaltou, durante o painel Finanças Sustentáveis, no II Encontro ICBR ESG 2024 – Normas e Desafios Profissionais, promovido pelo Instituto dos Contadores do Brasil (ICBR), que isso tem que se concretizar, porque se as empresas não tiverem essa preocupação, ficarão para trás e serão tratadas como empresas de segunda linha.

Para ele, o ICBR está avançando muito na parte de reporting e a contribuição do painel foi justamente no sentido de provocar, como esses dados, que serão bem gerados, normatizados pelo S1 e S2, como vão se traduzir em valor para a companhia, valor para o acionista e para todos os stakeholders.

De acordo com ele, é necessário transformar os relatórios em gestão, em informação para trazer benefícios para a companhia. É, na visão de Miguel Longo, um trabalho de médio prazo, a partir do momento que se tiver os dados consistentes, entendidos e sendo analisados por quem toma as decisões, seja do lado do banco, do lado de um fundo, do lado dos investidores. “Será criada uma linguagem única e, principalmente, uma forma única de tratar esses dados. Quer dizer, haverá uma valorização, que será possível enxergar uma padronização na valorização das empresas”, destacou.

 

Pensamento integrado

Regiane Abreu, membro da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI), Economista, com mais de 25 anos de experiência no Setor Elétrico, MBA em Economia e Gestão para a Sustentabilidade, disse que o Painel trouxe noções práticas do que é a finança sustentável. De acordo com ela, é normal ver vários conceitos, vários padrões, mas os dois executivos, cada um na sua realidade, trouxeram dicas práticas de como as organizações devem olhar mais para as questões de sustentabilidade no dia a dia.

Para ela, o grande desafio nesse momento de implantação da S1 e S2, é justamente o pensamento integrado, pois deve haver a integração de documentos, de áreas e de processos, seja de coleta de dados, definindo, o que precisa ser divulgado e sobre a divulgação de fato. “A palavra-chave é integração. Quer dizer, só é vantagem agora para as empresas. Agora será criado um padrão que as empresas poderão ser comparáveis. E se você integrar processos e análises, reduz o trabalho dispendido de várias áreas, converge. Então, isso só traz oportunidade”, comemorou.

 

Análise criteriosa

Daniele Barreto e Silva, líder de Sustentabilidade e ESG na Grant Thornton Brasil, com mais de 15 anos de experiência em sustentabilidade corporativa e desenvolvimento de pessoas, com formação em Engenharia de Materiais (UEPG), com MBA em Gestão de Negócios (UNIMAR), comemorou a importância de ver a sustentabilidade ESG sendo tratada de forma estratégica nos negócios.

Disse que ficou muito satisfeita em ver essas discussões ocorrendo numa entidade e contabilidade, como o ICBR, porque é na contabilidade que de fato se coloca e observa a sustentabilidade de uma forma estratégica, como divisão de negócio.

Assim como outros profissionais de sustentabilidade, Danielle disse que esperou muitos anos para poder vivenciar o que está ocorrendo agora, com a evolução do S1 e S2, que vem promovendo uma série de reflexões e de novas visões nas empresas e no mundo de negócio.

Na visão da líder Grant Thornton, há uma série de desafios e não será simples superá-los, mas acredito que é possível, pois as empresas já estão preparadas para iniciar de fato, aprofundar os seus entendimentos e os seus trabalhos, as suas atividades e os seus relatórios nesse sentido. “Um dos principais desafios é uma análise cuidadosa, mais criteriosa com relação à materialidade, a integração de pensamentos de uma materialidade de impacto com uma materialidade financeira, aprofundar o entendimento com relação a isso, entender o que é de fato material para o negócio e poder comunicar isso de forma transparente e coerente nos relatórios, conforme as métricas e os requisitos que o S1 e o S2 vem pedindo”, destacou.