O
ESG
(Ambiental, Social e Governança) para a área Contábil, é uma oportunidade incrível para o
profissional contábil se reinventar perante o mercado. A opinião é de Felipe Brunieri, Headhunter
de Finanças, graduado em Ciências Contábeis pela Universidade de São Paulo
(USP), para ele os profissionais não devem perder a oportunidade de
desenvolver a língua inglesa e de pensar em pautas sociais.
Para
Brunieri, com a diversidade da equipe, é possível conseguir que o profissional
contábil se aproxime mais do negócio, estando mais próximo às áreas de venda,
as margens de operações, ajudando a chegar no sim. “O contador terá um papel,
uma possibilidade muito grande de desmistificar algumas verdades ou mitos da
profissão e aproximá-la cada vez mais do negócio e concorrer mais de frente com
outros stakeholders internos para se tornar um CFO, por exemplo, que
tenha habilidades comportamentais como criação de alianças, capacidade de
influência, que são cruciais aí para continuar evoluindo na carreira”, previu.
O
headhunter diz acreditar que o ESG é uma grande possibilidade mesmo para
o contador mudar o estereótipo que foi criado no mercado, que é só aquele
guarda livros, pagador de imposto, que fecha o balanço e atende a atuação
externa. “Passar para uma percepção de uma pessoa realmente que está junto com
a área de manufatura, logística, por exemplo, pensando em oportunidades de
adição de carbono, está junto com a área de people (pessoas), por
exemplo, para pensar mais em diversidade da equipe e também, obviamente,
garantindo a governança corporativa da companhia”, afirma.
Para Felipe Brunieri atualmente se fala muito das diversidades
clássicas, que é cor, também gênero e orientação sexual. Porém, chama muito a
atenção também para uma diversidade que cada vez mais vai ser pauta para os
próximos anos, que é a diversidade geracional. Acredita que é necessário
combater o etarismo, pois tem muita empresa que não avalia profissionais só
porque tem uma “idade avançada” de 55, 60 anos. “Mas, esse profissional terá,
pelo menos, 10 a 15 anos de carreira e pode muito bem não querer ser diretor e
estar bem posicionado como gerente. Conheço vários controllers de
empresas grandes de capital aberto que já tem 65, 70 anos e fazem um trabalho
formidável. Então a gente tem que combater o etarismo e tem que pensar em
diversidade geracional nas empresas também”, defendeu.
Porém,
há um desafio de como fazer para colocar na mesma sala de reunião quem tem 18
ou 20 anos, está chegando agora no mercado de trabalho, com quem tem 60 ou 65
anos e está em uma fase mais final da carreira. Para ele, não se pode
subestimar essa questão da diversidade geracional também.
O
headhunter diz que hoje em dia está faltando profissional preparado para
assumir bons cargos. “Está faltando gente preparada, acho que quem é bom, no
sentido não só técnico, mas quem tem soft skill (habilidades
comportamentais) desenvolvida, quem tem uma visão holística da companhia, quem
tem visão de negócio, quem fala inglês, quem tem boa formação, quem continua o long
life learning, que é continuar estudando ao longo da vida, quem se prepara
melhor e se desenvolve melhor em termos de comportamento, inclusive se
autoconhecendo certamente tem uma empregabilidade muito alta no Brasil, porque
a maioria das pessoas não pensa no todo e acaba ficando para trás”,
sentenciou.
Soft skills
Samuel Durso, Professor Adjunto na UFMG,
Economista, Doutor em Contabilidade (USP) e Doutor em Educação (UFMG) disse que
o painel foi uma ótima oportunidade para discutir quais são as consequências e
oportunidades que a gente tem do atual cenário ESG para os profissionais de
área contábil, com reflexões relacionadas com a mudança do perfil e quais são
as oportunidades que os contadores podem ter para atuar dentro dessas frentes
relacionadas a ESG na atualidade.
Durso vê um cenário muito positivo para os profissionais da área
em relação à expertise que já tem em relação à definição de metas, normas,
regulamentos para a construção de relatórios, então todo esse know-how
já favorece muito ao surgimento dessas vagas para as novas carreiras
relacionadas a ESG, mas também tem vários desafios e o desenvolvimento de
importantes habilidades, o que a gente chama de soft skills. “Entendo
como sendo o principal foco desse novo contexto que vivemos”, afirmou.
O professor da UFMG lembrou que a diversidade é temática que vem sendo
discutida há bastante tempo, porém, contabilidade ainda não está tão inserida,
sendo o desafio ainda. Mas resultados científicos mostram que quanto mais
diversa tende a ser a empresa, obviamente que tem considerações relacionadas a
como essa diversidade é construída e trabalhada, tende a se refletir essa
diversidade nos resultados que a entidade apresenta.
Um dos motivos é que se coloca junto, dentro de equipes,
pensamentos diferentes para resolução de problemas, possibilitando a chance de se
obter uma resolução de problema mais inovadora e que acabe agregando para a
entidade. “Óbvio que a empresa precisa cuidar dessa diversidade, porque pessoas
diversas, também pode gerar mais embates e pensamentos distintos. “Então, tem
que ser muito bem feito, mas tem um potencial gigantesco de gerar ganhos e a
contabilidade, às vezes, não se aproxima tanto dessa perspectiva de ajudar a
identificar oportunidades de diversidade dentro do contexto organizacional.
Durso destaca que, historicamente, a contabilidade é uma profissão
masculina. Números indicam que os principais profissionais nas principais
posições são homens. Um dado revelado por Felipe Brunieri em relação aos CFOs
relacionados, é de que somente 15% atualmente são mulheres. “Há diversas
barreiras, é o que a gente chama de, no termo em inglês traduzido para o
português, é o teto de vidro. Atualmente, nas salas de aula dos cursos de
contabilidade, há mais mulheres do que homens, mas elas não conseguem se
desenvolver ao longo do tempo dentro das organizações. Esse é o teto de vidro, que
não é identificado, mas é barreira para esse desenvolvimento”, contou.
Para o professor da UFMG, o teto de vidro tem muita relação com o
papel social que é esperado para as mulheres e consequentemente criam as
barreiras que são impostas para que consigam alcançar posições hierárquicas
maiores. “Furar esse teto é uma coisa que precisa ser fomentada dentro das
organizações”, defendeu, destacando que a transparência que trará o ESG, ajudará
a quebrar essas barreiras para todas as situações, de gênero, idade, cor, para
mulher, orientação sexual, etc.
Curto prazo
Iago França Lopes, Vice-Presidente
de Desenvolvimento Profissional do ICBR, Professor Adjunto na UFRJ, Contador.
Doutor em Contabilidade (UFPR), disse que no painel foi possível discutir
quais são as habilidades, competências que esse profissional que ingressar no
mercado de contabilidade, em específico o que atuará com ESG, precisará
desenvolver ao longo dos próximos anos.
O
professor da UFRJ fala num curto prazo porque o Brasil será um dos países que
adotará primeiro as normas de contabilidade, de sustentabilidade. “Estamos
falando em 2025, da necessidade de se ter currículos adaptáveis e um
profissional com resiliência e com capacidade de se posicionar para além dos
demonstrativos daqueles mais tradicionais”.