Embora estejam passando por transição, as questões envolvendo
ESG - sustentabilidade ambiental, social e de
governança corporativa (Environmental,
Social and Governance) nas empresas –já são uma realidade para um grande contingente
de empresas e, em breve, será um requisito para todo mundo corporativo, já que
compradores e investidores estão cada vez mais atentos a esse assunto. A
afirmação é de Carlos Takahashi da BlackRock Brasil Gestora de Investimentos Ltda, dada durante a
palestra "Desafio dos Gestores na Alocação de Investimentos de Forma Sustentável",
realizada em uma parceria entre ICBR - Instituto dos Contadores do Brasil, Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e BlackRock do Brasil.
Takahashi destacou que o mercado financeiro já se conectou
com as questões do ESG, mas a economia como um todo tem sofrido uma grande transformação,
trazendo inúmeros desafios, mas ao mesmo tempo muitas oportunidades para
empresas e profissionais.
O executivo ressalta que a BlackRock assumiu o compromisso de
que todos os fundos administrados por ela terão inseridos a questão do ESG em
seus posicionamentos e na área de Governança. Para ele, hoje em dia, as
questões de mudanças climáticas é um dos temas relacionados ao ESG que está
muito em evidência, o que tem impactando as decisões de investimento de maneira
muito forte.
Takahashi disse ainda que as práticas adequadas de ESG
valorizam as empresas e, por isso, o investimento na área tem ganhado
musculatura. Lembrou o executivo que a transição para meios de produção e
consumo de energia mais limpa também é outra pauta muito relevante hoje em dia,
“além do desafio de consumir os recursos de forma mais sustentável”.
Miguel Longo (Aracar Group), que foi debatedor na mesa, destacou não
ter dúvidas que as questões de ESG vieram para ficar e, atualmente, já se busca
medir o quanto vai impactar não só as empresas, mas na vida dos cidadãos.
Miguel disse queo maior esforço em ações ESG ainda está nas companhias
com ações listadas na Bolsa de Valores, mas não tem dúvidas que em um curto
espaço de tempo deverão impactar todas as empresas. “Fornecedores pequenos
serão escrutinados pelas empresas maiores. Quem quiser ter continuidade terá
que se adequar”, disse.
Mas, na visão dele, não são só as grandes empresas que
requisitarão das menores. Miguel Longo disse que, certamente, os bancos
premiarão quem tem boas práticas ESG com condições melhores em financiamentos,
por exemplo. “Quem não se preocupar com isso será penalizado em todas as
instâncias de seu negócio”, afirmou.
O executivo da Aracar Group disse que o Contador tem um papel
fundamental nas questões do ESG dentro das empresas, incentivando a todos da
empresa a participarem de forma efetiva do processo, passando a fazer parte do
DNA da empresa.
O mediador da mesa, Prof. Dr. Alberto Gergull, destacou que a PUC-SP criou um Núcleo ESG Contábeis, que
será fundamental para o desenvolvimento dos estudos acadêmicos. Valério
Bonelli, coordenador do curso de Ciências Contábeis da PUC-SP, ressaltou a
importância de preparar bem os alunos para desenvolverem bons trabalhos no
mercado. “Empresas que desenvolvem ESG têm várias vantagens e são muito mais
estáveis em tempos de crise”, afirmou.
A a diretora da FEA Faculdade
de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais/PUC-SP, Profa. Dra. Elizabeth
Borelli, reafirmou a importância do evento
para a entidade educacional, dizendo que gerará muitos frutos para os alunos.
O presidente da Diretoria
Executiva do ICBR, André Luis de Moura Pires, destacou, na abertura
do evento, que a parceria com a PUC-SP está alinhada aos objetivos da entidade
em aproximar a teoria à prática (mercado), já que o ICBR é um fórum técnico e
tem desenvolvido seu trabalho muito próximo da academia e do mercado, buscando
melhor atender o interesse dos preparadores das demonstrações contábeis e dos
futuros profissionais da contabilidade.
O presidente do ICBR disse que é fundamental a Academia trabalhar de forma efetiva as questões de ESG, trazendo aos alunos, de todos os níveis, competências para suprir as demandas corporativas. Ao final, o presidente e debatedores concordaram que a academia é um lugar onde é possível produzir conhecimento isento com credibilidade e confiança.