A incorporação de preocupações sustentáveis
nas práticas de controle gerencial ambiental, reconhecendo a variação das
necessidades de cada organização em sua diversidade de interesses, representa
uma evolução em termos de gestão empresarial, na medida em que a
sustentabilidade se torna crítica no contexto operacional das organizações,
afetando o sucesso financeiro e a sua competitividade.
No âmbito do controle gerencial da
sustentabilidade – CGS, se lança mão de ferramentas e práticas de gestão
sustentável, tais como a Contabilidade de Custos do Fluxo de Materiais (MFCA), a
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), o Retorno Social do Investimento (SROI), a Avaliação
de Investimentos Sustentáveis, os Indicadores de Desempenho Sustentáveis (KPISs)
e a Contabilidade de Custos e Alocação, entre outros instrumentos.
Cada um desses conceitos, modelos, métodos,
ferramentas e sistemas desenvolvidos para controle da sustentabilidade, deve ser
adaptado às necessidades específicas de cada organização, uma vez que as
considerações de sustentabilidade podem variar consideravelmente entre setores
e contextos empresariais, não apenas no que diz respeito à forma de
organização, mas também em termos de importância atribuída à sustentabilidade, à
história e à cultura organizacional dominante, assim como preferências e pontos
de vista individuais dos gestores.
Mas os desafios na implementação não se
restringem à escolha dos instrumentos da CGS, incluem decisões sobre o nível de
análise, o escopo, a materialidade, a discussão e a inclusão de externalidades
e métricas a serem utilizadas, escolha dos períodos de medição e análise, entre
outros dilemas, não sendo possível então realizar uma abordagem única,
universal ou regulamentada. Logo, cada organização deve considerar suas próprias
necessidades e as necessidades das partes interessadas em suas escolhas.
Isso tudo sem deixar de considerar a ética, a
precisão dos dados subjacentes e a completude das informações, aspectos
essenciais para melhor análise, entendimento e tomada de decisão.
Logo, o dilema atual das organizações é como
integrar a sustentabilidade de forma central nas decisões, tornando-a
fundamental (e não periférica), abordando questões mais amplas de
sustentabilidade, garantindo que os indicadores e métricas utilizados sejam realmente
relevantes para os stakeholders. Gestores precisam compreender os potenciais
impactos e dependências de sustentabilidade da organização, não só porque estas
questões podem ter implicações diretas no sucesso financeiro em curto prazo,
mas também porque é necessário um bom domínio da sustentabilidade para ter
sucesso e permanecer no mercado em longo prazo.
Nesse contexto, a profissão contábil desempenha um papel essencial na gestão sustentável, influenciando o desenvolvimento de indicadores, ferramentas e abordagens para a superação de desafios e promoção da garantia de que a sustentabilidade seja tema central na transição para uma sociedade mais justa e sustentável.
* Prof. Dra. Márcia Athayde Moreira
Programa de Pós-Graduação em Contabilidade - PPGC
Universidade Federal do Pará
E-mail: mathayde@ufpa.br
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Adaptado de: Laine, M.; Tregidga, H.; Unerman, J. (2022) Sustainability
Accounting and Accountability. New York: Routledge, 3ª ed.