A Reforma Tributária aprovada recentemente pelo Congresso Nacional traz desafios e oportunidades aos profissionais da Contabilidade que não pode deixar de se atualizar, além de tentar influir na regulamentação, em busca de eliminar possíveis problemas antes que ocorram. Essas provocações fizeram parte da palestra Reforma Tributária: Desafios e Perspectivas, ministrada pelo Prof. Dr. Fellipe Matos Guerra e realizada pelo Instituto dos Contadores do Brasil (ICBR), com mediação do Prof. André Luis de Moura Pires.

Fellipe Guerra lembrou que a reforma possibilitará a eliminação de muitos problemas do atual e complexo sistema. Em uma enquete, 88% contadores disseram que o ICMS se configura a fonte de seus maiores problemas, por sua complexidade, o que será eliminado. Para ele, a simplificação do complexo Sistema Tributário brasileiro, conhecido por sua complexidade e burocracia, com uma multiplicidade de impostos, contribuições e regimes tributários que podem ser difíceis de entender e cumprir. Simplificar esse sistema pode reduzir a carga administrativa sobre empresas e indivíduos, facilitando o cumprimento das obrigações fiscais.

Com o passar do tempo, um sistema tributário mais simples e transparente pode melhorar o ambiente de negócios no Brasil, tornando o país mais atraente para investidores nacionais e estrangeiros. Empresas podem tomar decisões de investimento com mais clareza e confiança em um ambiente tributário previsível e menos oneroso. Além disso, torna mais fácil para os profissionais da Contabilidade lidarem com as obrigações fiscais de seus clientes.

 

Dois sistemas

Fellipe Guerra critica o fato da necessidade de se conviver com dois sistemas por um período longo, em função do custo oculto que isso acarretará. Ter que lidar com dois conjuntos de regras tributárias simultaneamente pode aumentar significativamente a complexidade do trabalho contábil, pois os contadores precisarão entender e aplicar corretamente as regras antigas e novas, o que pode exigir uma atenção extra aos detalhes e uma compreensão profunda das nuances de cada sistema. “Com dois conjuntos de regras tributárias para acompanhar, existe um maior risco de cometer erros, sendo necessário ter cuidado extra para garantir que estejam aplicando as regras corretas a cada situação específica”, disse.

Para os clientes dos contadores, a convivência com regras tributárias antigas e novas pode ser confusa e frustrante, causando dificuldade em entender como as mudanças afetam suas obrigações fiscais e, por isso, vão depender ainda mais do conhecimento e orientação dos contadores para navegar por esse ambiente complexo.

O professor diz que a necessidade de manter o conhecimento atualizado sobre dois conjuntos de regras tributárias pode aumentar os custos para os contadores, tanto em termos de tempo quanto de recursos financeiros. Os contadores precisarão investir em treinamento adicional para garantir que estejam familiarizados com as regras tributárias antigas e novas.

De acordo com ele, os escritórios contábeis podem precisar fazer modificações em seus sistemas de contabilidade e processos internos para acomodar as diferentes regras tributárias. Isso pode exigir a atualização de software, a revisão de procedimentos operacionais e até mesmo a contratação de consultores ou especialistas para ajudar na implementação dessas mudanças.

 

Currículos:

Prof. Dr. Fellipe Matos Guerra

Contador e Advogado Tributarista; Pós-Doutorado em eGov (UFP-PT) e Doutorado em Ciência da Informação (UFGRS/UFP); Atualmente é Pesquisador no Pós-Doutorado em Contabilidade (USP); Sócio da Compliance Contadores e Guerra Advogados; Representante do CFC no Senado Federal nas discussões da Reforma Tributária; Presidente do Conselho de Contabilidade do Ceará; Mestre em Administração e Controladoria; Especialista em Direito e Processo Tributário; Autor e coautor de 13 livros sobre Contabilidade e Gestão Tributária; Membro da Academia de Ciências Contábeis do Estado do Ceará – ACCEC.

 

Mediador

André Luis de Moura Pires: Sócio da P&A Perícias e Avaliações e Diretor-Presidente da Diretoria Executiva do ICBR. Mestrando em Ciências Contábeis pela PUC-SP, MBA em Gestão empresarial pela FGV e graduado em contábeis pelo Mackenzie.

Mais de 20 anos de experiência em auditoria, controladoria e finanças. Registrado no CRC desde 2007, com certificações no Cadastro Nacional de Auditores Independentes de Empresas Listadas na CVM e Cadastro Nacional de Peritos Judiciais.